Um jornal combativo e libertário
Publicado durante o período mais duro da ditadura, EX- foi dirigido por Marcos Faerman durante quatro números.
O jornal Ex-, que circulou entre 1973 e 1975, foi uma publicação da imprensa alternativa inspirada em jornais populares e em publicações alternativas norte-americanas e europeias. Em meio à repressão, o jornal veiculava textos diretos e contudentes, sem barreiras de linguagem, sem metáforas, de temática abertamente política, e com extenso uso da fotografia. Sua tiragem era propositalmente irregular e o enfoque de cada edição imprevisível, como estratégia tanto para marcar sua independência das atividades programáticas dos partidos clandestinos quanto para escapar da censura prévia. O grupo era liderado pelos jornalistas Narciso Kalili, Sérgio de Souza, Hamilton de Almeida Filho e pelo fotógrafo Amâncio Chiodi.
Em janeiro de 1974, o terceiro número de Ex- foi apreendido pela repressão e parte da equipe foi interrogada e fichada, o que levou à saída dos dirigentes do jornal da cidade de São Paulo, onde ficava a redação, e a um período de desestruturação do grupo. Marcos Faerman - desde o primeiro Ex- um colaborador da publicação - assumiu a edição do jornal, a partir do número 8, coordenando a equipe que havia permanecido em São Paulo. Os quatro números dirigidos por Marcos Faerman (8, 9, 10 e 11) têm um caráter acentuadamente literário e cultural, com enfoque na América Latina. Sua participação termina no número 11, quando os antigos editores retornam a São Paulo e, após uma discussão sobre a linha editorial do jornal, Marcos deixa o projeto.
Em seu auge, Ex chegou a 40 páginas e tiragem de 20 mil exemplares, com o recorde de 50 mil, quando foi a única publicação da imprensa a fazer a cobertura aprofundada do assassinato do jornalista Vladimir Herzog. Após este episódio, é decretada a censura prévia ao Ex-, e o jornal chega ao seu fim.
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